Um policial
militar foi morto, na tarde desta segunda-feira (19), durante uma rebelião no
Complexo Prisional do Curado, na Zona Oeste do Recife (PE).
O primeiro sargento Carlos Silveira do Carmo de 44 anos, era
lotado no Batalhão de Guarda da corporação e atuava na penitenciária há seis
meses. Segundo a Polícia Militar, ele foi “atingido por um projétil de
arma de fogo durante inspeção na guarita central”. Ele chegou a ser socorrido
para o Hospital Otávio de Freitas, na mesma região da Cidade, mas não resistiu
aos ferimentos. A Polícia Civil designou o delegado João Paulo Andrade, da 4ª
Delegacia de Homicídios, para apurar o assassinato. O militar, entretanto, pode
não ter sido o único morto no tumulto, registrado desde as 9h. Informações
extraoficiais, repassadas à imprensa por uma profissional da ala médica, dão
conta de que, pelo menos, seis detentos também teriam vindo a óbito e de que
mais de 20 estariam sendo atendidos com ferimentos nas enfermarias dos
presídios Juiz Antônio Luiz Lins de Barros, Frei Damião de Bozzano e Agente
Marcelo Francisco de Araújo, que compõem o complexo prisional. A Seres
(Secretaria-executiva de Ressocialização), porém, ainda não divulgou números
oficiais sobre o tumulto.Pela manhã, o ato foi pacífico, com presos se
concentrando nos telhados dos pavilhões. Não foram raras as imagens de detentos
com facões e celulares em punho. A reportagem da Folha de Pernambuco conseguiu
conversar com um dos detentos, que também exibia uma arma branca. “Faca, todo o
sistema penitenciário tem, todos eles [presos]. Isso é uma proteção nossa,
particular, não é para fazer mal a ninguém, já que a Justiça não nos dá essa
proteção, já que a Polícia não tem condição de nos proteger”, declarou. O
reeducando também explicou a revolta da população carcerária contra o juiz Luiz
Rocha, da 1ª Vara de Execuções Penais do Recife. Durante o ato, os detentos
exibiram faixas e cartazes com escritos como “Fora Luiz”. “Tem mais de 700
processos na mesa do juiz de execuções... Ele não recebe familiares [dos
presos], trata mal advogados... Essa paralisação é contra ele”, completou,
acrescentando que o objetivo da manifestação foi pedir maior celeridade no
julgamento de processos. Clima tenso Pouco antes das 15h, o Batalhão de Choque entrou
no complexo prisional para conter o tumulto. Nesse momento, foram ouvidos tiros
e gritos. Detentos, que se concentravam no pátio, arremessaram pedras contra
policiais que estavam nas guaritas. A violência foi respondida com disparos de
balas de borracha. Os próprios presos conduziam colegas feridos para áreas fora
do alcance dos tiros. Do outro lado dos muros, parentes entraram em desespero.
Pessoas passaram mal. Outras reclamaram da falta de informações. Apesar de a
Seres ainda não ter divulgado a quantidade de mortos ou feridos, o trânsito de
ambulâncias e a chegada de um veículo do IML (Instituto de Medicina Legal)
tornaram o clima ainda mais tenso. Uma equipe do DHPP (Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa) também foi enviada ao complexo prisional. À
noite, o Corpo de Bombeiros confirmou que prestou atendimento a quatro feridos
na rebelião, que foram levados para o Hospital da Restauração, na área central
do Recife.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário