segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Quebra-cabeça que envolvia morte de mototaxista é "montado" pela polícia

Juçara e Jônatas foram presos em Porto Seguro, onde estavam escondidos desde o crime  (Foto: Gerson Teixeira/ Diário Bahia)
Com a prisão de Jônatas Pereira Santos, o "Tam", detido na madrugada de ontem (21), em Porto Seguro, a polícia Civil de Itabuna esclareceu o "quebra-cabeça" que envolvia o crime de que foi vítima o mototaxista Wilson Ferreira da Silva, o "Paulista", de 53 anos. O sequestro seguido de morte aconteceu no dia 13 de dezembro do ano passado. Três dias depois, o corpo dele foi encontrado numa fazenda na zona rural de Buerarema.

Em entrevista ao Diário Bahia, o delegado Marlos Macedo, titular da Delegacia de Homicídios, informou que o motivo do assassinato foi banal. Dias antes de ser raptado e executado, o mototaxista teria discutido com Tam, cunhado de um traficante conhecido como Roberto, preso no Conjunto Penal de Itabuna.

O desentendimento entre a vítima e o articulador do sequestro, por sua vez, ocorreu porque Wilson pegou um garoto na escola, alegando ter recebido uma ligação do pai da criança. Assim que soube que o sobrinho havia sido levado pelo motoboy, Tam, a irmã dele (mãe do menino) e outro homem foram até o colégio e, através das imagens mostradas pela professora, descobriram que tinha sido "Paulista".

Ivan Celestino é apontado, por Tam, como um dos atiradores que mataram o mototaxista
Daí surgia o plano de rapto. O fato é que, até agora, ninguém sabe quem teria solicitado a falsa corrida que levou a vítima até os sequestradores. Paulista foi envolvido numa trama, que lhe custou a vida. No dia do crime, ele foi procurado, na Central onde trabalhava, no Centro Comercial, por uma mulher (já presa) para ir até o bairro Góes Calmon. Lá, ele foi raptado pelo bando.

Juntamente com Tam, ontem (21) foi presa a irmã dele, Juçara Pereira Santos, mulher do traficante Roberto. Ainda em Porto, o acusado contou à delegada Gildete Vitória, responsável pelo inquérito que apura o caso, que a ideia era dar uma surra no motoboy. No entanto, os comparsas, entre eles Ivan Celestino da Conceição – apontado como um dos atiradores –, teriam decidido por matar o homem.

O outro criminoso foi identificado apenas como "Gasparzinho". Os dois estão foragidos, mas já tiveram suas prisões decretadas pela Justiça. "É uma questão de tempo para eles serem presos. Foi um crime considerado banal. Infelizmente, vem ocorrendo em Itabuna isso. 60% a 70% do que a gente vem apurando, a motivação é fútil. E por conta disso, o crime de Paulista será qualificado e a pena para os autores, aumentada", informou o delegado Marlos.

Tam e Juçara chegaram a Itabuna por volta das 15 horas. A delegada Gildete Vitória explicou que o acusado confessou ser o mentor do homicídio e que, durante todo o tempo, ficou responsável pela locomoção da vítima e do resto do bando.

Ivan Celestino é apontado, por Tam, como um dos atiradores que mataram o mototaxista
Ivan Celestino é apontado,
por Tam, como um dos
atiradores que mataram
o mototaxista
"Ao identificarmos as imagens do sequestro [de Paulista], investigamos e descobrimos que o motivo tinha sido a tentativa de sequestro do sobrinho de Tam. Fomos até a escola e obtivemos as imagens onde estavam Tam, Juçara e Ivan. A partir dessas imagens, nós conseguimos a qualificação dessas pessoas e pedimos a prisão, que foi concedida pela Justiça", relatou a policial.

À imprensa, "Tam" alegou que o plano não incluía o assassinato do mototaxista. "Não era para matar ele, não. Os caras que se precipitaram porque ele (a vítima) tinha visto o rosto deles", contou. O homem afirmou que o cunhado preso não tem nenhum envolvimento com o crime. "Ele [Paulista] tentou sequestrar meu sobrinho. Eu mesmo que fui tirar as dores por causa do meu sobrinho. Eu fui ver o que ele queria com meu sobrinho. O plano de matar não foi meu, foi Ivan", reforçou.

Questionado sobre quanto custaria o "serviço", o acusado disse que não foi combinado nenhum preço. "Ele [Ivan] só falou que depois a gente acertava", justificou.
Foto de Gérson Teixeira*  

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