Pedro (nome fictício), 14 anos, e quatro passagens, João (nome fictício),
15, e duas passagens, morando há cinco dias, na região do Shopping da Bahia e
Avenida Tancredo Neves, praticando dezenas de assaltos a ônibus para ‘matar’ o
vício em cocaína e maconha. Este foi o cenário encontrado por guarnições da
Operação Gemeos durante flagrante realizado, na noite de segunda-feira. A dupla
foi apresentada, na Delegacia para o Adolescente Infrator (DAI), em Brotas, e
até o final da manhã de terça-feira (21) nenhum parente havia aparecido para
buscá-los. Com a
dupla os militares apreenderam uma réplica de pistola e celulares de algumas
vítimas. “É a segunda vez que encontramos eles com simulacro. Em alguns casos
usaram armas brancas para roubar vítimas de transporte coletivo”, contou o
comandante da Operação Gemeos, major Gabriel Neto. Acrescentou que eles já
tinham sido identificados, com ajuda das câmeras de alguns coletivos,
praticando roubos em agosto, outubro e novembro, na mesma área.
“Estamos diante de um problema social que vai além do nosso
trabalho. É a polícia que tem de tratar o vício deles? É a polícia que tem a
obrigação de fiscalizar se eles frequentam a escola? É a polícia que tinha de
tirar eles das ruas, onde estavam morando há dias? Claro que não. Mas sobra
para as forças de segurança a responsabilidade de consertar todos esses erros.
Fazemos a nossa parte e esperamos que toda a sociedade e instituições
contribuam”, finalizou o oficial.
Depoimentos
Durante conversa com a titular da DAI, Ana Virgínia, a dupla,
inicialmente negou a participação em diversos assaltos, mas, após se
reconhecerem nas imagens, assumiram dezenas de roubos. Relataram que se
conheceram naquela região e se aproximaram por que são viciados em cocaína e
crack.
Pedro disse que não frequenta mais a escola e que a família
chegou a colocá-lo em um centro de recuperação, mas acabou fugindo. João alegou
que saiu do colégio por conta de uma briga com colegas e que depois desse
flagrante vai procurar a mãe e pedir que lhe rematricule em outra unidade.
“É uma situação que nos preocupa. Chegam cada vez com menos
idade e em alguns casos cometendo o mesmo crime ou mais graves”, contou a
delegada. Até o final da manhã nenhum parente havia procurado a dupla na DAI.
Nenhum registro de desaparecimento também foi feito, levando em consideração os
dias relatados por eles fora de casa.
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