quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Os bastidores de um crime brutal; morte de evangélico foi friamente arquitetada



A lembrança de um homem pacato, religioso, tímido e trabalhador é o que restou de mais uma história marcada pela violência. O corpo de Carlos Alberto Fernandes Castro ou simplesmente Cal, como era carinhosamente chamado pela família e amigos, foi sepultado na tarde desta quarta-feira (14), no Cemitério Campo Santo, em Itabuna. Carlos tinha 36 anos e foi executado a sangue frio, na noite de ontem (13), após deixar a namorada em casa. O casal tinha acabado de participar de um culto na igreja Universal.

O crime aconteceu no final da Rua Paty, no bairro São Caetano. A vítima morava ali próximo, no Pedro Jerônimo. O rapaz já estava pertinho de sua residência, quando foi surpreendido pelo assassino. Segundo a polícia, Carlos foi atingido por, pelo menos, 10 tiros de pistola Glock calibre 380.

“Cal” foi brutalmente assassinado por simplesmente amar. Ele estava namorando a cerca de um mês. Possivelmente, fazia planos, sonhava em viver um grande e verdadeiro amor. Sequer imaginava que há 148 quilômetros de Itabuna alguém já havia traçado o seu destino. A namorada de Carlos era, infelizmente, o objeto de obsessão de um homem doente, controlador, frio, calculista e cruel.

Sequestro 
Edmar de Jesus Menezes articulou tudo e, com a ajuda de dois comparsas, colocou seu macabro plano em prática. Semana passada, o trio chegou a sequestrar, no Pedro Jerônimo, o jovem Danilo Fernandes, também evangélico e membro da Universal, pensando ser ele o namorado de sua ex, cujo nome não foi divulgado. Felizmente, Danilo foi liberado. Mas esteve na mira da morte. Após mais uma “pesquisa”, o assassino confesso chegou ao seu verdadeiro alvo e marcou o dia, horário e local. Edmar, possivelmente, estava seguindo Carlos há alguns dias. Na noite de terça, o interceptou no meio da rua. Além dos rastros de sangue inocente, o criminoso deixou para trás uma família dilacerada pela dor.

A perseguição
Cenas que mais pareciam um filme real de ação foram registradas nas ruas de Itabuna. Após o crime, Edmar e os comparsas Carlos Conceição dos Santos e Anderson Sena Martins tentaram fugir em um veículo Ônix, de cor preta, o mesmo usado no sequestro de Danilo, dias atrás. 

Uma equipe da Polícia Militar, comandada pelo Cabo Edson, notou que um carro passou em alta velocidade e informou, de imediato, à central da PM. Uma perseguição foi iniciada. Os criminosos “pisaram” no acelerador, assim que perceberam que já haviam sido flagrados. Seguiram, então, com destino à BR-415. Policiais da Rondesp Sul se juntaram à ação, encurralando, ainda mais, o trio.

Uma árvore no caminho pôs fim à fuga. O automóvel em que os fugitivos acabou capotando, após bater no tronco e atingiu uma casa, no bairro Morumbi.  

Os três foram presos em flagrante e levados, inicialmente, para o Hospital de Base, onde, depois de medicados, foram encaminhados para o Complexo Policial. Lá, Edmar acabou confessando a autoria do crime, durante depoimento.

Carro roubado
De acordo com o delegado André Aragão, coordenador da 6ª Coorpin, o veículo Ônix, que estava em poder do grupo e que ficou completamente destruído após o acidente, é roubado e possui placas adulteradas. O carro, informou Aragão, foi tomado de assalto no último dia 23 de outubro, no bairro Conceição, em Itabuna. Com o trio, foram apreendidas as duas pistolas usadas no assassinato de Carlos Alberto, momentos antes. “Ele [Edmar] investigou a vida desse rapaz [a vítima] e ontem à noite, sabendo que esse rapaz passaria por aquele local, efetuou os disparos, que culminaram com o óbito da vítima”, detalhou o coordenador. A namorada de Carlos Alberto prestou depoimento na manhã desta quarta-feira e confirmou que estava se relacionando com o evangélico há apenas um mês. A polícia também investiga a participação do grupo em outros crimes na cidade de Itabuna.
“O Edmar, que é o autor dos disparos, já tem passagem por tráfico e roubo na região de Ituberá”, informou o delegado André Aragão.

Sem acreditar
O relacionamento entre a namorada de Carlos Alberto e o assassino aconteceu há mais de três anos. A mulher terminou a relação, mas Edmar não aceitava o fim do namoro. Ela, então, veio embora para Itabuna, onde conheceu a vítima.  

A família de Carlos Alberto está chocada com tamanha violência. “Cal sempre foi um menino sossegado, trabalhador, honesto. Está todo mundo sem acreditar”, declarou uma tia de Carlos em entrevista à TV Santa Cruz. 

Os acusados já foram encaminhados para o Conjunto Penal de Itabuna. 

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